Amizade na Educação Infantil: despedidas que ensinam a sentir e a cuidar

19 de junho de 2025


Ninguém gosta de dar tchau. Nem adulto. Muito menos criança. Mas por que sentimos esse nó na garganta, mesmo quando a despedida é pequena? E o que isso nos ensina sobre vínculo, presença e escuta? Em um mundo acelerado, onde o fim da aula é só mais uma correria no relógio, ensinar uma criança a se despedir e o poder da amizade na Educação Infantil pode ser um gesto revolucionário e profundamente educativo.

Neste texto, vamos refletir sobre como lidar com os momentos de separação e transição no segmento e apresentar sugestões de atividades. A proposta é simples e potente: transformar o incômodo do adeus em oportunidade de conexão, linguagem e amadurecimento emocional.

Despedidas na infância: mais do que uma rotina, um rito de passagem

Para os adultos, o “tchau” pode parecer banal. Para uma criança pequena, não. A separação, seja ao chegar na escola, ao mudar de turma ou ao terminar o dia, pode provocar ansiedade, choro, insegurança e até resistência em participar das atividades. Esses sentimentos não são exageros: são expressões legítimas de quem ainda está aprendendo a nomear o que sente.

Educar para lidar com despedidas é, portanto, ensinar a reconhecer emoções, validar afetos e construir segurança relacional. E isso não acontece apenas com conversas; acontece com gestos, com escuta e, sobretudo, com mediações simbólicas. Histórias, brincadeiras e livros infantis são ferramentas fundamentais nesse processo.

Atividades sobre amizade na Educação Infantil que ajudam a lidar com separações

A seguir, propomos algumas atividades que podem ser realizadas em diferentes momentos do ano letivo, especialmente em transições, encerramentos ou despedidas de colegas. As sugestões envolvem o campo semântico de amizade na Educação Infantil e são articuladas com práticas de letramento socioemocional:

1. Leitura e roda de conversa com o livro “Não Gostamos de Dar Tchau”

De Anna Claudia Ramos, com ilustrações de Naj Formiga, o livro pertence à Coleção Trupe-trinques e é indicado a partir de três anos de idade. Conta a história de duas crianças inseparáveis que enfrentam o desafio da despedida e descobrem que o respeito às diferenças fortalece a amizade. Após a leitura, promova uma roda de conversa:

  • O que você sente quando precisa se despedir?
  • Existe um jeito de tornar o “tchau” mais leve?
  • Já aconteceu de você reencontrar alguém depois de muito tempo?

Essa conversa não precisa ter conclusões fechadas, o mais importante é criar um espaço onde as emoções sejam nomeadas e respeitadas.

2. A caixa dos sentimentos

Monte com a turma uma “caixa dos sentimentos”: cada criança desenha (ou escreve, com apoio) uma emoção que sente ao dar tchau. As imagens são guardadas na caixa, que pode ser reaberta sempre que alguém quiser revisitar, conversar ou completar o acervo emocional da turma.

3. Cartas e desenhos de despedida

Se um colega vai mudar de turma ou escola, incentive as crianças a escreverem (ou desenharem) cartas de despedida. Elas podem expressar desejos, lembranças ou agradecimentos. A atividade trabalha a linguagem escrita, o afeto e o reconhecimento do outro — e mostra que mesmo quem parte deixa algo de bonito em quem fica.

4. Ritual do tchau no fim do dia

Crie, junto com os alunos, um pequeno ritual de encerramento diário: uma música, um verso coletivo, um toque de mão ou um desenho que represente o dia. Isso ajuda a estruturar emocionalmente o tempo e a criar uma previsibilidade que conforta. Ao tornar o tchau um momento esperado e acolhido, reduzimos a ansiedade e fortalecemos os vínculos.

5. Brincadeira da ponte da amizade

Monte com as crianças uma “ponte simbólica” com arcos de papel colorido. Cada arco representa uma qualidade ou um sentimento bonito vivido juntos (alegria, cuidado, abraço, escuta, etc.). As crianças passam pela ponte ao final da aula e podem escolher um arco para levar no coração. É uma forma lúdica de consolidar memórias afetivas e celebrar a convivência.

Outros livros que ampliam esse trabalho

Além de Não Gostamos de Dar Tchau, outras obras da Editora do Brasil ajudam a trabalhar a convivência, o afeto e a expressão dos sentimentos com as crianças:

  • A Cidade é o Mundo (Coleção Mil e Uma Histórias) — de Camila Tardelli, com ilustrações de Isabela Santos. Uma celebração sensorial da cidade como espaço de encontros e diversidade.
  • Quando Formos Rãs (Coleção Mil e Uma Histórias) — de Dipacho. Uma narrativa sobre amadurecimento, convivência e o valor das boas companhias.
  • Eu Quero (Coleção Trupe-trinques) — de Sergio Alves, com ilustrações de Rodrigo Fischer. Um convite ao desejo de ler e ao encantamento da imaginação.

Essas obras são indicadas para quem busca um livro para trabalhar as emoções com criatividade, integrando arte, linguagem e desenvolvimento socioemocional na rotina pedagógica. 

São também ótimas opções se você procura uma história sobre amizade na Educação Infantil que dialogue com a realidade da turma e inspire conversas significativas. Juntas, elas oferecem caminhos para propor atividades que envolvam escuta, empatia e expressão afetiva.

Porque toda despedida também ensina a amar?

Ensinar uma criança a lidar com despedidas é, no fundo, ensinar a amar com coragem. É permitir que ela saiba que o vínculo permanece mesmo quando o outro não está mais visível. É mostrar que o afeto cabe na memória, no desenho, na palavra e no tempo.

E, para nós, educadores, é o lembrete de que cada tchau pode ser também um novo encontro: com o amadurecimento, com a escuta e com uma infância mais plena de sentido.

Editora do Brasil S/A
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