Aprendizagem por Pares: metodologia ativa para projetos de pesquisa
30 de maio de 2025
Modelo de aprendizagem em duplas permite mais debates, reflexões e estimula o pensamento crítico
Por Camila Garcia Kieling
A transição do modelo tradicional de ensino para práticas mais investigativas é um desafio para professores e instituições de ensino. Nesse contexto, a metodologia de Aprendizagem por Pares (AP) surge como uma alternativa eficaz para promover o debate, a reflexão e o aprendizado ativo, incentivando os estudantes a buscarem respostas para seus próprios questionamentos.
Aprendizagem por Pares: como pode ser definida
Popularizada por Eric Mazur em seu livro Peer Instruction: a Revolução da Aprendizagem Ativa, a Aprendizagem por Pares nasceu da necessidade de superar a falta de compreensão profunda dos estudantes em aulas tradicionais. Mazur descobriu que, ao permitir que os alunos discutissem conceitos entre si, eles conseguiam aprender de maneira mais eficaz, demonstrando mais compreensão e capacidade de aplicação do conteúdo.
Como funciona a Aprendizagem por Pares?
A metodologia segue uma estrutura simples e eficiente, que pode ser adaptada a diferentes contextos educacionais. A seguir, um exemplo de sequência:
1. Apresentação inicial: o professor expõe de forma breve os conceitos centrais (20 minutos).
2. Pergunta conceitual: é apresentada para os estudantes uma questão de múltipla escolha para que os estudantes possam refletir.
3. Reflexão individual: esses alunos ficam em silêncio por 1 a 2 minutos e registram suas respostas.
4. Discussão em pares: os estudantes debatem entre si a questão apresentada.
5. Nova resposta: depois da discussão, os alunos registram de novo sua resposta.
6. Feedback e revisão: o professor não só apresenta os resultados, mas também discute os conceitos com a turma.
Esse ciclo pode ser repetido com novas questões, permitindo que os estudantes consolidem seu aprendizado de forma interativa.
Adaptação para projetos de pesquisa
Embora a Aprendizagem por Pares tenha sido aplicada primeiramente em disciplinas exatas, como Física, a versatilidade da metodologia permite adaptações para atividades mais complexas, como o desenvolvimento de projetos de pesquisa. A proposta pode ser dividida em cinco etapas principais:
1. Proposta inicial: os alunos entregam um projeto com tema, justificativa, problema e metodologia.
2. Troca de projetos: em duplas, os estudantes analisam e comentam os trabalhos uns dos outros.
3. Devolutiva: feedback colaborativo, acompanhado de uma conversa para aprofundar as ideias.
4. Revisão: a nova versão do projeto é entregue com base nos comentários recebidos.
5. Autoavaliação: os participantes avaliam sua própria experiência e a atividade como um todo.
Com o suporte de um roteiro claro, os alunos são guiados a dar retornos construtivos e a colaborar de maneira respeitosa e reflexiva.
Impactos e benefícios da Aprendizagem por Pares
A AP pode ajudar a transformar a dinâmica da sala de aula, promovendo benefícios significativos:
• Melhoria no desempenho acadêmico: os estudantes da AP tendem a obter resultados superiores em comparação ao ensino tradicional.
• Autonomia: os alunos acabam se tornando mais responsáveis por seu próprio aprendizado.
• Engajamento e retenção: a metodologia favorece a conclusão dos cursos, como apontado por Larsy et al. (2008), que relata uma taxa de retenção de 95%.
• Sentimentos positivos: a AP estimula a autoconfiança e a satisfação dos estudantes com o processo de aprendizado.
Aprendizagem por Projetos: principais desafios
A implementação da AP requer atenção ao ambiente social, cultural e econômico dos estudantes, além de habilidades para lidar com possíveis conflitos e dificuldades no trabalho em equipe. Ainda assim, os benefícios superam os desafios, tornando essa metodologia uma poderosa ferramenta de ensino.
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Sobre a autora
Camila Garcia Kieling é autora e coautora de livros didáticos para o componente curricular Arte, na área de Linguagens e suas Tecnologias, pela Editora do Brasil. É Mestra e Doutora em Comunicação Social e professora universitária com experiência em inovação pedagógica.
Camila também é uma das autoras da obra Interação Educação Digital, aprovada no PNLD 2026 Ensino Médio. Baixe a obra na íntegra no site da Editora do Brasil, clicando aqui.