Figuras Históricas do Brasil: quem foi Júlia Lopes de Almeida?

25 de setembro de 2025


Em poucas palavras: Júlia Lopes de Almeida foi uma das principais autoras da literatura brasileira no início do século XX, com atuação decisiva como cronista, romancista e defensora dos direitos das mulheres. Neste post, resgatamos sua trajetória e mostramos como seus livros ainda inspiram projetos pedagógicos nos Anos Finais e no Ensino Médio.

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Entre o esquecimento e a resistência

Há um retrato que falta na galeria da Academia Brasileira de Letras e é justamente o da mulher que ajudou a fundá-la: Júlia Lopes de Almeida. Cronista, romancista, dramaturga, abolicionista, defensora da república e do voto feminino, Júlia circulou por jornais e salões literários do Brasil e de Portugal, sustentou a casa com a própria pena e escreveu sobre o mundo a partir de uma perspectiva que questionava, sem confronto direto, os limites impostos às mulheres do seu tempo.

Seu nome esteve entre os primeiros idealizadores da ABL, mas quando a Academia se oficializou, em 1897, optou por seguir o modelo da Académie Française, ou seja, exclusivamente masculino. A cadeira que seria de Júlia ficou com seu marido, o escritor Filinto de Almeida. Ele mesmo reconheceu, anos depois: “Não era eu quem devia estar na Academia, era ela”.

A exclusão institucional, no entanto, não impediu que Júlia escrevesse, publicasse e influenciasse. Sua obra permaneceu viva e, nas últimas décadas, voltou à cena literária, às bibliotecas e — com a ajuda da escola — ao centro da roda.

Por que Júlia Lopes de Almeida é uma autora importante?

Júlia nasceu em 1862, no Rio de Janeiro, e cresceu entre Campinas e Portugal. Estreou na imprensa jovem, publicou contos, romances, peças de teatro e artigos de opinião em periódicos importantes. Foi aclamada por críticos e leitores, chegando a ser considerada, na virada do século XIX para o XX, a escritora mais importante do Brasil, com fôlego comparável ao de Machado de Assis.

Por que Júlia Lopes de Almeida é uma autora importante?
Júlia Lopes de Almeida por Richard Hall / Acervo Claudio Lopes de Almeida.

Em sua produção, temas como ruína financeira, hipocrisia social e opressão feminina são tratados com agudeza e elegância formal. Sua narrativa combina observação realista, crítica social e sensibilidade literária. A protagonista de seu romance mais conhecido, A falência (1901), é uma mulher que mede sua margem de ação dentro de uma casa que desaba, uma metáfora potente de um país que também cambaleava entre promessas e desilusões no pós-império.

Além disso, Júlia foi uma pioneira da literatura infantil brasileira. Publicou, em 1886, o livro Contos Infantis, em parceria com sua irmã Adelina Lopes Vieira. A obra foi adotada oficialmente pelas escolas públicas por mais de duas décadas, formando gerações de leitores.

Como trabalhar os livros de Júlia Lopes de Almeida na escola?

Ler Júlia é confrontar silêncios, os da história, os da literatura e os das salas que ainda hoje não conhecem seu nome. Felizmente, esse cenário está mudando, com novas edições, HQs, leituras públicas e estudos acadêmicos que recolocam a autora no lugar de onde nunca deveria ter saído.

A Editora do Brasil contribui para esse movimento com o livro Era uma vez… e outros contos de Júlia Lopes de Almeida. A obra reúne cinco contos da autora adaptados em histórias em quadrinhos pela premiada ilustradora Germana Viana, intercaladas por trechos da prosa original. O resultado é um convite acessível, esteticamente atraente e literariamente fiel ao universo de Júlia.

Era uma vez... e outros contos de Júlia Lopes de Almeida

A HQ funciona como uma excelente porta de entrada para discussões sobre comportamento, justiça, gênero e diversidade cultural. A linguagem visual permite que alunos a partir de 14 anos acessem conteúdos mais densos com autonomia crítica. Professores podem propor:

  • Roda de leitura comentada de um conto da HQ, com ênfase nos dilemas enfrentados pelos personagens;
  • Atividades de reescrita, pedindo que os estudantes atualizem o enredo para o século XXI;
  • Análise dos quadrinhos como linguagem narrativa, explorando a combinação entre imagem e texto.

Essas atividades podem ser integradas com as disciplinas de Literatura, História e Arte, favorecendo abordagens interdisciplinares.

Uma autora, muitas possibilidades

Trabalhar Júlia Lopes de Almeida é também desafiar a memória seletiva da história literária brasileira. Mais do que relembrar uma autora, é preciso criar condições para que ela seja lida, questionada e reinterpretada pelas novas gerações. A leitura de suas obras pode ser articulada com projetos pedagógicos em datas como:

  • 1º de maio – Dia da Literatura Brasileira
  • 21 de maio – Dia da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento
  • 8 de dezembro – Dia Nacional da Família

Afinal, Júlia escreveu sobre famílias, desigualdades, escolhas morais e silêncios, tudo aquilo que ainda ecoa no presente e pode render bons debates em sala.

Perguntas frequentes (FAQ)

Quem foi Júlia Lopes de Almeida?
Foi uma das mais importantes autoras da literatura brasileira na virada do século XIX para o XX…
Escritora, cronista, dramaturga e abolicionista, participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, mas foi impedida de ocupar uma cadeira por ser mulher.
Quais livros de Júlia Lopes de Almeida são indicados para trabalhar em sala de aula?
A HQ Era uma vez… e outros contos de Júlia Lopes de Almeida é ideal para Anos Finais…
e pode ser usada também no Ensino Médio. Já o romance A falência (1901) é indicado para projetos interdisciplinares com História e Sociologia.
Qual a importância de Júlia Lopes de Almeida entre as autoras da literatura brasileira?
Ela foi uma das primeiras mulheres a viver da escrita no Brasil…
precursora da literatura infantil e referência em crítica social. Sua exclusão da ABL tornou-se um símbolo da exclusão das mulheres dos cânones culturais.
Como incluir sua obra nas aulas de Literatura?
Com leituras comparadas entre prosa e HQ…
debates sobre gênero e sociedade, reescritas contemporâneas e projetos interdisciplinares com História e Arte. A linguagem acessível e os temas atuais favorecem a adesão dos estudantes.
Onde encontrar materiais sobre a autora?
A Editora do Brasil publicou Era uma vez… e outros contos de Júlia Lopes de Almeida
com adaptação em HQ feita por Germana Viana. Há também versões do romance A falência disponíveis em domínio público.

Editora do Brasil S/A
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